Sem Rótulo e Sem Embalagem: projeto reúne bandas independentes
VALINHOS, 24 DE ABRIL DE 2015
Post por Samuel Garbuio
O CriaSom aprecia muito a ideia de descobrir novos projetos independentes e alternativos na nossa região. Se você também valoriza “trampos” independentes e se identifica com essa pegada, se liga nesse projeto que a nossa equipe descobriu em Valinhos-SP. O projeto foi idealizado e é comandado por um jovem que toca rock e promove a visibilidade de bandas da região. Outro projeto independente que vale a pena conhecer é o selo Motim Records, para conferir esse belo trabalho, clique aqui.
O projeto independente Sem Rótulo e Sem Embalagem - Festival Alternativo de Música surgiu em 2014 a partir da iniciativa do músico, Diego Souza Arruda, com o objetivo de dar espaço para artistas e grupos de diversos gêneros musicais apresentarem seus trabalhos autorais a fim de obter visibilidade no cenário alternativo e independente da cidade e região.

Guitarrista Diego S. Arruda, em apresentação durante a Festa do Figo de Valinhos - Foto: Vanessa Mestriner
![]() No Make a MistakeNew Metal |
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![]() Melancolia LetticiaFolk Alternativo |
![]() Lucas BrenelliPop |
![]() The JoltzIndie |
![]() SETISynthpop |
![]() MandacaruBossa Nova |
![]() FullskaSka core |
![]() Bonne (à direita)Rap |
O SRSE já contou com duas edições em Valinhos promovendo bandas locais e da região por meio de eventos no formato “Encontro de bandas”, porém, sem seguir tendências ou padrões, mesclando Música Eletrônica, Rock Alternativo, Folk, Rock-pop, Rap e Bossa Nova, tudo em um mesmo espaço.
A ideia dessa mistura inusitada nasceu durante uma conversa no ano passado entre Diego e Roberta Artiolli, vocalista do duo campineiro de Synthpop, SETI. Eles discutiam justamente sobre o quanto é difícil tocar no interior, sem ter que recorrer a cover e gêneros comuns. “Mas e se houvesse um evento que misturasse tudo, sera que funcionaria?” E foi essa a aposta de Diego, que além de idealizador e organizador do projeto, é também integrante do duo Melancolia Lettíca e mantém no próprio quarto a gravadora caseira Ateliê Musical Três Dias Depois. Aliás, se você já deu aquela conferida na entrevista sobre a Motim Records, sabe que o EP do duo, O Quarto onde não se perdem as canções, foi um dos lançamentos do selo.
A seguir, o duo, formado por Diego (violão, backing vocal/screamo, efeitos especiais) e sua irmã Thaís (voz e cajón), em apresentação na 1ª edição do projeto tocando "O coelho de Alice", uma das principais canções que embalam o álbum do Melancolia Letticia.
A insatisfação…
O nome do projeto surgiu a partir da insatisfação de Diego com eventos de Hardcore ou de Encontro de Motos que reúnem sempre as mesmas bandas, e não abrem espaço para bandas que tocam algo diferente do usual. Segundo ele, seria uma espécie de rotulação, que permite apenas a participação de bandas que se enquadrem no perfil do evento. “Se você é hardcore, beleza, se você é metal, beleza, se você é cover de alguma banda, legal, mas se você faz um som que é completamente diferente, que foge das propostas, você não toca em lugar nenhum”. Daí, o surgimento do nome.
A 1ª edição do Sem Rótulo e Sem Embalagem aconteceu no dia 27 de setembro do ano passado, num sábado, das 21h às 3h30. O cast contou com: Lucas Brenelli (Valinhos), SETI (Campinas), Melancolia Lettícia (Valinhos), The Joltz (Batatais) e No Make a Mistake (Vinhedo). Um público de aproximadamente 50 pessoas prestigiou o evento. Já a 2ª edição, com mesmo dia da semana e horário, aconteceu no dia sete de março deste ano e contou apenas com artistas de Valinhos, e foi mais alternativa segundo Diego, pois juntou um pessoal tocando não apenas Rock, mas também outros estilos como Bossa Nova e Rap. Subiram ao palco, para cerca de 20 pessoas: Fullska, Bonne, Mandacaru, e novamente o duo Melancolia Letticia, e Lucas Brenelli. As duas edições foram realizadas no Tribbus – Music Bar & Rock Store, que cedeu generosamente equipamento de som, palco e espaço para abrigar os eventos. Além disso, o valor integral obtido através de couvert artístico (R$ 15,00 por pessoa), foi repassado ao organizador, e dividido por igual entre todos que se apresentaram.
Nas duas edições do SRSE, segundo Diego, houve certa dificuldade em relação a atrair o público para os eventos, ele acredita que isso acontece porque o projeto é novo e as bandas que participaram não são aquelas que tocam sempre no circuito conhecido (Eixo Campinas-Vinhedo). Ele nos contou que já tinha conhecimento das adversidades que encontraria - pois antes de tocar já foi, e ainda é público - e ciência de que não lotariam a casa com o evento, mas ainda assim, segundo ele, a adesão foi positiva, e a repercussão está rendendo frutos com novos contatos que vêm surgindo.
A qualidade das bandas...
De acordo com Diego esse é um critério importante para a seleção das bandas. Segundo explica, “não adianta a banda ter muita vontade de tocar, e de repente tocar com instrumento desafinado, ou um som muito porco, a menos que seja a proposta: é uma banda de punk rock, tem que ser com equalização totalmente desregulada, barulhenta”. A preocupação é que o público consiga entender a proposta da banda, a ideia. Segundo ele, outro ponto levantado é o tempo que a banda tem de estrada, em quantos lugares já tocou, para selecionar quem já tem certa experiência daqueles que ainda estão aprendendo a tocar, a como se comportar no palco. As escolhas dele são feitas através de pesquisas na internet, assistindo apresentações, ouvindo gravações, além de conversar com a banda. De acordo com Diego, não é porque é um evento do tipo faça você mesmo, que não haverá algum critério para a seleção das atrações.
E as próximas edições ...?
Perguntamos para ele sobre a intenção dele em manter o projeto “de pé” e a previsão para as próximas edições. Diego nos falou das principais dificuldades para isso, mas também da motivação para seguir com o projeto, a importância de promover eventos que valorizam artistas locais e sobre o que acha da cena independente em Valinhos e região.
Pontos fortes x Pontos fracos
Para Diego o ponto forte do projeto Sem Rótulo e Sem Embalagem é “mostrar que há muita gente competente, que compõe, toca, faz a “correria” necessária e que infelizmente fica excluída dos eventos que há por aí. E lógico, unir esses artistas, seja um rapper que toca teclado ou uma banda de ska-core”. O ponto fraco é a “falta de patrocínio e a quantidade de pessoas que comparecem nos eventos”. De acordo com Diego, para a terceira edição do projeto, o objetivo é obter patrocínio e contar com apoio das bandas para a venda dos ingressos, além de divulgação. Além disso, ele está estudado algum local aberto e com maior espaço. Os custos para a realização seriam com locação desse espaço e equipamentos, além de divulgação (banners, jornais, entre outros). Segundo ele, o projeto não visa qualquer tipo de lucro e nas duas edições realizadas houve investimento próprio de recursos para a divulgação dos eventos, que além da internet foi feita através de flyers distribuídos em estabelecimentos do comércio valinhense, como lojas de instrumentos musicais, de street wear, e estudios de tatuagem.
Estreitando laços...
O convite aos artistas que participaram das duas edições do SRSE foi realizado através das redes sociais, onde as bandas acabam se comunicando e estreitando vínculos, principalmente após os encontros. A banda The Joltz (Batatais) veio de longe e deixou sua mensagem na página criada para a 1ª edição do evento para “agradecer pelo espaço e oportunidade que tivemos de tocar no SRSE. A galera que ficou até o fim e especialmente aos amigos das bandas SETI e Melancolia Lettícia, que além de grandes músicos, foram muito gentis conosco”. Confira a seguir um pouco da apresentação de outra das atrações da 1ª edição do projeto, o duo SETI.
Você que tem uma banda, ficou interessado em participar de uma próxima edição do Sem Rótulo e Sem Embalagem? Torça os dedos e acompanhe as novidades sobre o projeto, na página do organizador. E não deixe de nos contar sobre como anda a cena musical independente em sua cidade. Há espaço para as bandas tocarem? Apoio? Incentivos? Escreva para o CriaSom ou deixe seu comentário abaixo sobre o assunto. E aproveite para compartilhar com o blog, através de nosso e-mail, material sonoro, audiovisual ou fotos de participações da sua banda em projetos independentes que acontecem na sua cidade.
Para conhecer o som de algumas bandas que participaram do SRSE, acesse:
The Joltz: https://soundcloud.com/the-joltz
No Make a Mistake: https://soundcloud.com/nomakeamistake
Melancolia Lettícia: https://soundcloud.com/melancolia_letticia