Projeto amador
abre o microfone
para talentos musicais
CAMPINAS, 05 DE JUNHO DE 2015
Post por Viviane Celente
Começando o especial do mês de junho D.I.Y. (Do It Your Self), em português, Faça Você Mesmo, fique por dentro dessa entrevista. Toda segunda-feira, desde o outubro de 2014, o estudante de engenharia elétrica Flavio Faria (22) promove o encontro de músicos interessados, amadores ou não, no bar Pelicano, em Campinas. O projeto, sem fins lucrativos, foi inspirado num modelo australiano que Flavio entrou em contato ao fazer intercâmbio pelo país. A partir de um acordo com o dono do Pelicano, Flavio sugeriu a ideia para melhorar o movimento do bar recém aberto. Desde então, o evento acontece a partir das 20h e é divulgado pela rede social Facebook. Flávio organiza tudo, desde a divulgação através de amigos e grupos do Facebook, agendando os horários para aqueles que já mostraram interesse, até a logística da infraestrutura, levando os equipamentos necessários. A intenção é levar esse modelo para outros bares, segundo o estudante. Entenda melhor como funciona esse projeto a partir da entrevista abaixo. Se você estiver em Campinas e quiser participar, entre em contato com Flavio enviando um inbox através do Facebook dele: https://www.facebook.com/flavio.faria.737?fref=ts.
CriaSom: Qual a sua relação com música?
Flavio Faria: Meus tios tem uma loja de instrumentos musicais em São José do Rio Preto. Meus pais tiveram aula de piano, mas nenhum deles toca. Meu tio tocava em bandas e por causa do meu tio eu peguei bastante isso. Morei dois anos em Brasília. No meu ensino médio inteiro lá eu tinha três bandas e tocava todo final de semana. Saia do vestibular e ia tocar. Eu sempre gostei de escutar e eu tinha os instrumentos. Meu tio acabava me dando uma coisa ou outra de presente, alguma coisa que ficava velha na loja, ele me dava.
CS: Você toca o quê?
FF: Eu toco violão, guitarra, já fiz aula de bateria e baixo e todos os derivados, a gente vai brincando. A ideia do modelo é levar para outros lugares.
CS:Você trouxe esse modelo da Austrália. E como que funciona lá?
FF: Eu não sei se surgiu lá, mas o esquema é o mesmo que eu estou tentando fazer aqui. Normalmente na Austrália deu meia noite, uma hora, eles estão fechando os lugares. O cara que fazia isso lá, era da mesmo jeito que eu estou fazendo aqui, ele tinha os equipamentos e além de levar os equipamentos ele ia dando aquela garimpada, conhecer quem tocava, vendo outras pessoas tinham o interesse de tocar, porque tem muita gente lá que, em cada esquina que você vai, está tocando. Então, o serviço que ele fazia era isso, fazer uma agenda com grupos de pessoas de estilos diferentes para tocar no mesmo dia. Essa pessoas se apresentavam, tinham esse espaço pra tocar, ninguém ganhava nada, ele fazia o serviço, do mesmo jeito que a gente tem acertado aqui. Aqui nós ainda estamos acertando, mas lá por exemplo, eu ganhava uma cerveja quando tocava. Tinham os dois pontos, o ponto da música, que era essa coisa de criar oportunidade para todo mundo tocar e interagir, e o ponto de ser terça-feira, que é como a nossa segunda-feira aqui, um dia morto. Ao mesmo tempo que você vem tocar, você chama pelo menos outra pessoa pra assistir. Então é uma porção a mais de público que vem pro bar. Acaba sendo um ganha-ganha, uma relação mútua amadora entre quem toca e o bar. A única coisa que eu faço é trazer os equipamentor e uma agendinha. Eu propício essa ligação entre quem quer um lugar pra tocar e quem tem um lugar pra tocar. Eu acho que principalmente nessa região aqui da Unicamp, que é um região cheia de gente que gosta de música está envolvido com isso, que gosta de tocar e toca em tudo quanto é canto, é uma oportunidade de vir aqui. Uma das coisas mais difíceis que eu acho pra um músico é você ter repertório. "Eu sei tocar, mas quais realmente eu sei de cabo a rabo?" Lá na Austrália eu acabei desenvolvendo isso.
CS: Quais instrumentos você traz normalmente?
FF: Eu trago a caixa de som, a mesa de som, os microfones, o violão e um cajon que construí com um amigo. Mas algumas pessoas trazem os seus instrumentos, teclados, cabos. A gente deixa aberto para as pessoas trazerem alguma coisa de diferente, que as vezes a gente não tem. Acaba ficando uma coisa mais amadora, mas ao mesmo tempo é um lugar que você não vai ficar ouvindo sempre aquela mesma música de rádio. Às vezes é uma pessoa muito boa, as vezes pode ser uma pessoa que você não gosta tanto, mas a ideia é ter esse espaço e é um público bem receptivo aqui.
CS: Você organiza tudo sozinho?
FF: Eu trago tudo sozinho. Começa umas 20h, toco um pouco e vai por volta das meia noite já vou arrumando e eu levo tudo.
E aí? Gostou? Estuda ou trabalha, mas tem a música como lazer? Gosta de tocar ou ouvir gente fora do círcuito da grande mídia tocando? Frequenta os bares de Campinas e já viu coisa parecida? Compartilhe a sua experiência aqui!


