BELLS
o instrumento raro
que "para o trânsito"
na Feira Hippie
CAMPINAS, 1 DE MAIO DE 2015
Post por Amanda Oliveira
Há 3 anos fazendo parte do Centro de Convivência de Campinas, ele para o trânsito da Feira Hippie: quem quer que esteja passando por lá, chega um pouquinho mais perto para ouvir. Trata-se do Hang, conhecido também como Bells (na Espanha) e Hallo (nos Estados Unidos).
Criado nos anos 2000 por um casal na Suíça, o instrumento oco é feito apenas da junção de duas placas de metal que formam uma caixa acústica, tendo um lado voltado para a melodia e o outro para a percussão. Mas, se falando assim parece fácil de ser feito, acredite, na prática é bem diferente. É um instrumento considerado raro, pois é feito 100% manualmente e, no mundo todo, existem somente 100 produtores, chamados luthiers, sendo que só um desses produtores é brasileiro.

Phelipe Agnelli, 30 anos, é o músico que trouxe a novidade para a Feira Hippie. Depois de passar quase 6 anos na fila de espera para conseguir seu primeiro Hang, deixou todo o seu trabalho como administrador para se dedicar à música. Ele explica que o instrumento tem notas e escalas próprias, mas que como já tocava bateria, ele usa a mesma técnica: “Cada um tem um estilo, coloca o seu estilo para tocar. Na minha cabeça é tudo números, pode ser algo supercomplexo para mim, mas para você eu estou só usando as mãos direita e esquerda”.
Tendo já dois CDs produzidos, ele conta que se baseia muito também em crianças para escolher suas músicas: “Eu acho que o adulto, ele vem, ele quer saber, mas muitas vezes ele não está preocupado com a música, com a percussão, ele está preocupado com o instrumento diferente, aquela novidade. Mas a criança, ela para para ouvir, ela está ali e ela está no momento, tanto que quando para uma criança com menos de 1 ano e meio, eu toco a música, se a criança ficar olhando, a música vai para o CD".

Outro músico, Giancarlo Borba, 35 anos, produz o Pampeano (veja mais em: http://goo.gl/ysnjMl), que é o mesmo instrumento, mas com o nome que faz referência à região de Pampa Gaúcha, no Rio Grande do Sul, onde realiza seu trabalho a 4 anos. Depois de conhecer o instrumento, a partir de vídeos disponíveis na internet e vendo a demora em adquirir um, foi fazendo experimentos até chegar num resultado estético e sonoro agradável. Sim, ele produziu um Hang SO-ZI-NHO. Claro que sua graduação em música e a experiência que tinha com a fabricação de outros instrumentos ajudou e muito nesse processo. “Os tratamentos do Hang são parecidos com os de fazer facas: têmpera, recozimento... A moldura é uma escultura de aço e cada um é um, não tem uma fôrma, são todos feitos a mão, utilizando vários tipos de martelos. Hoje produzimos apenas 4 por mês, pois demora muitas horas: as vezes chega a levar 10 horas martelando uma única nota e ele tem 8 ou 9 notas no total”. Ele ainda diz que apesar de ser um trabalho pesado, é ao mesmo tempo delicado e prazeroso e, no final, vale muito a pena.
Hang, Bells, Pampeano, disco voador ou casco de tartaruga, não importa o nome que ele receba, mas sim o que o som proporciona a quem está ouvindo.
Descubra mais no vídeo abaixo.